PAPA FRANCISCO ANIMA BRASILEIROS A PARTICIPAR ATIVAMENTE NA VIDA PÚBLICA E SOCIAL

Redacción CAL
11/03/2019
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CNBB CMPAÑA FRATERNIDAD 2019

 

Adentrando no Tempo da Quaresma, a Igreja no Brasil dá início também à costumeira Campanha da Fraternidade, iniciativa que nasceu em 1961 quando três sacerdotes que trabalhavam na Cáritas do Brasil planejaram uma campanha para arrecadar recursos a fim de financiar as atividades assistenciais da instituição. A essa ação, eles deram o nome de Campanha da Fraternidade.

Na Quaresma de 1962, foi, então, realizada pela primeira vez a Campanha da Fraternidade, não ainda a nível nacional, mas exclusivamente na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.

Devido ao seu bom êxito de tal iniciativa, no ano seguinte 16 dioceses do Nordeste também realizaram a campanha em suas comunidades. Nascia assim a Campanha da Fraternidade, hoje celebrada anualmente e a nível nacional.

Desde a sua primeira edição, em 1962, até os dias de hoje, a Campanha da Fraternidade é uma ação ampla de evangelização realizada anualmente no tempo da Quaresma. O principal objetivo é despertar a solidariedade dos cristãos e da sociedade a respeito de um problema real que atinge a sociedade brasileira, buscando caminhos e soluções para enfrentar e solucionar tais problemas.

Em 2019 a Igreja nos convida a refletir sobre as políticas públicas. De acordo com o texto-base, o objetivo é “estimular a participação em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”.

Reportamos abaixo a mensagem do Papa Francisco aos fiéis brasileiros em ocasião da Campanha da Fraternidade 2019:

 

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
 AOS FIÉIS BRASILEIROS POR OCASIÃO DA
 CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a preparar-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, para a celebração da vitória do Senhor Jesus sobre o pecado e a morte. Para inspirar, iluminar e integrar tais práticas como componentes de um caminho pessoal e comunitário em direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da Fraternidade propõe aos cristãos brasileiros o horizonte das “políticas públicas”.

Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam «o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium et spes, 74).

Cientes disso, os cristãos - inspirados pelo lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado pelo direito e pela justiça» (Is 1,27) e seguindo o exemplo do divino Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28) - devem buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça. De fato, como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de nosso continente, conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação batismal, os que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir uma cidade temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n. 505).

De modo especial, àqueles que se dedicam formalmente à política - à que os Pontífices, a partir de Pio XII, se referiram como uma «nobre forma de caridade» (cf. Papa Francisco, Mensagem ao Congresso organizado pela CAL-CELAM, 1/XII/2017) – requer-se que vivam «com paixão o seu serviço aos povos, vibrando com as fibras íntimas do seu etos e da sua cultura, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que não se deixando intimidar pelos grandes poderes financeiros e mediáticos, sendo competentes e pacientes face a problemas complexos, sendo abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, conjugando a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação» (ibid.).

Refletindo e rezando as políticas públicas com a graça do Espírito Santo, faço votos, queridos irmãos e irmãs, que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da Fraternidade, ajude todos os cristãos a terem os olhos e o coração abertos para que possam ver nos irmãos mais necessitados a “carne de Cristo” que espera «ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Bula Misericordiae vultus, 15). Assim a força renovadora e transformadora da Ressurreição poderá alcançar a todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa. E para lhes confirmar nesses propósitos, confiados na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, de coração envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

Vaticano, 11 de fevereiro de 2019.

 

Franciscus PP.